Como pode a indústria automóvel ajudar a travar o coronavírus
A falta de material médico e sanitário está a complicar muito a luta contra a ameaça invisível do novo coronavírus. E, conscientes da escassez de material na linha da frente do combate aos efeitos nefastos da doença, os Governos apelam agora aos grandes fabricantes mundiais para que encontrem forma de apoiar o esforço das autoridades de saúde em todo o mundo. O aumento exponencial da produção de equipamento de proteção e de suporte é prioritário. E os grandes construtores de automóveis podem ajudar.
Com as linhas de produção encerradas, como medida fundamental para conter a propagação da doença, os principais fabricantes estudam agora a melhor forma de contribuírem para aumentar a disponibilidade de máquinas que salvam vidas, numa altura em que todos os esforços parecem escassos para enfrentar o cenário de pandemia.
Exemplo chinês: 5 milhões de máscaras por dia
A BYD é a fabricante chinesa de automóveis elétricos com mais capacidade para almejar o estatuto de rival à altura da Tesla. Não só ultrapassa a marca californiana em volume de produção de veículos de zero emissões, como ensaia a entrada no mercado dos elétricos premium. Planos adiados, por uma batalha que é mais urgente: em plena crise, e em menos de trinta dias, o construtor converteu uma das suas fábricas de automóveis, em Shenzhen, num gigantesco polo de produção de máscaras descartáveis e embalagens de gel antisséptico. A companhia fabrica 5 milhões de máscaras por dia e 300 mil embalagens de desinfetante.
Europa, agora o epicentro da crise
A doença assume proporções dramáticas agora no Velho Continente, o que fez despertar todos os gigantes da indústria para a necessidade ajudar na produção de instrumentos hospitalares, nomeadamente ventiladores. A VW anuncia que irá testar o fabrico destas máquinas através de impressoras 3D industriais. «O equipamento médico é um novo campo para nós. Mas logo que recebermos uma blueprint, podemos começar», declarou porta-voz da marca alemã.
Em Itália, onde a doença não parece dar tréguas, a Ferrari e a Fiat Chrysler uniram-se ao maior fabricante de ventiladores do país para ajudar a aumentar o número de máquinas necessárias na crise do coronavírus. «Estamos a conversar com a Fiat Chrysler, Ferrari e Marelli para tentar entender se eles podem nos ajudar na vertente eletrónica deste processo», explicava Gianluca Preziosa, CEO da Siare, à Reuters. O objetivo é triplicar a capacidade de produção, para cerca de 500 unidades/mês.
No Reino Unido, o apelo das autoridades chegou a mais de 60 empresas no país. De acordo com o The Guardian, no Reino Unido, há 5.900 respiradores médicos, estimando-se que, no pico da epidemia, possam ser necessários cerca de 20.000 daqueles equipamentos.
A Ford já respondeu positivamente ao pedido do executivo britânico: “Queremos ajudar no que pudermos para enfrentar a situação atual. Fomos abordados sobre esse assunto específico e estamos em conversações neste momento”, afirmou um porta-voz do fabricante norte-americano.
Por seu lado, um porta-voz da Honda confirmou: “Fomos contactados pelo governo sobre a viabilidade de a Honda apoiar no fabrico de ventiladores adicionais”. E, mais recentemente, as equipas britânicas de F1, Williams e McLaren, também manifestaram total disponibilidade.
De acordo com os especialistas, outra das vantagens deste potencial envolvimento da indústria automóvel diz respeito ao poder de compra destes, o que os torna mais capazes na aquisição de peças, num momento em que os fornecimentos estão condicionados pela enorme procura.
Impressoras 3D e viaturas de serviço
Além da capacidade de produção em larga escala, os fabricantes de automóveis dispõem de recursos tecnológicos de ponta que podem ser decisivos. Na fábrica que a Renault detém na cidade espanhola de Valladolid, uma equipa de engenheiros com especialização em impressão 3D poderá iniciar o fabrico de 30.000 máscaras de proteção para entrega imediata às autoridades de saúde no país. E falta apenas a aprovação do projeto por parte do Ministério da Saúde para que aqueles técnicos se dedicam à produção de ventiladores.
Ainda em Espanha, a Hyundai colocou a frota de veículos da empresa ao serviço dos profissionais de saúde, iniciativa a que aderiram também Toyota, Suzuki e Mercedes-Benz.
Fabricar “RAPIDAMENTE”
Donald Trump parece ter acordado para a realidade dramática. Depois de semanas de desvalorização dos efeitos do vírus, o presidente dos EUA, incentivou Ford, General Motors e Tesla a avançarem rapidamente para a produção de ventiladores. No seu registo habitual, publicou este domingo no Twitter: «Ford, General Motors e Tesla já têm aval para fabricar RAPIDAMENTE ventiladores e outros produtos de metal! Avancem, executivos de automóveis, vamos ver quão bons vocês são?»
Antes, Elon Musk, o líder da Tesla, já tinha abordado o tema, referindo que “ventiladores não são difíceis, mas não podem ser produzidos de um momento para o outro”.
Fonte: Motor 24