Um grupo de cinco países onde se incluía Portugal tinha proposto uma derrogação de cinco anos para esta meta de forma a acautelar a venda de carros híbridos, sobretudo no segmento dos comerciais ligeiros. António Costa defendeu que esta posição era “cautelosa” face à importância da indústria automóvel e de componentes em Portugal.
Mas de acordo com o texto do comunicado com as medidas aprovadas no pacote “Fit for 55”, que tem como objetivo reduzir as emissões totais de gases de efeitos estufa em 55% até 2030 na União Europeia, o conselho do Ambiente aprovou a meta de 100% da emissões zero nos carros novos e carrinhas até 2035. O texto refere ainda a meta provisória de eliminar essas emissões em 55% até 2030. O Observador questionou o Ministério do Ambiente sobre se Portugal tinha votado a favor deste objetivo, mas ainda não recebeu resposta.
A pedido de alguns países, incluindo a Alemanha e a Itália, a UE concordou, contudo, em considerar dar ‘luz verde’ no futuro para tecnologias alternativas, tais como combustíveis sintéticos ou híbridos plug-in, se estas forem capazes de alcançar o objetivo de eliminar completamente as emissões de gases com efeito de estufa dos carros. Em 2026, a Comissão irá avaliar o progresso feito no sentido de alcançar esse objetivo e a necessidade de rever essas metas, “tendo em consideração desenvolvimentos tecnológicos, nomeadamente ao nível dos veículos híbridos plug-in e a importância de uma transição para emissões zero que seja viável e equitativa”.
Ambientalistas saúdam decisão, mas alertam para risco de desvio com combustíveis sintéticos
As associações ambientalistas saúdam a decisão sobre o fim da venda de veículos de combustão em 2035, mas alertam que o eventual uso de combustíveis sintéticos é “um desvio” que deve ser evitado, indica, esta quarta-feira, a associação Zero em comunicado.
“O fim do motor de combustão é uma grande notícia para o clima e para a saúde. Mas novas propostas sobre combustíveis são um desvio”, refere o comunicado da associação ambientalista Zero.
No mesmo sentido, esta associação ambientalista defende que não se pode “perder mais tempo” com combustíveis sintéticos, e que os esforços devem concentrar-se na implementação da infraestrutura de carregamento, na requalificação dos trabalhadores para a transição elétrica e no fornecimento responsável de material para baterias.
Apela, a associação, a uma “transformação rápida da indústria automóvel portuguesa no sentido de começar a produzir veículos elétricos com urgência e esquecer de vez os enormes e pesados automóveis híbridos plug-in, ainda fomentados por uma fiscalidade inadequada no nosso país”.
“As associações de ambiente, incluindo a Federação Europeia de Transportes e Ambiente de que a Zero faz parte pedem agora aos eurodeputados que não deem qualquer possibilidade de fomentar os combustíveis sintéticos, que também são mais caros e implicam um uso muito menos eficiente de eletricidade renovável do que a eletrificação direta, devendo ser direcionados para outros modos de transporte como a aviação”, acrescenta a associação.
A data de 2035, embora ainda não oficial, está em consonância com aquela preconizada pelo Parlamento Europeu e pela Comissão Europeia, com quem os países terão de negociar as regras finais.
Fonte: Observador