Gasoduto de Portugal para a Europa. Como vai ser e quanto custa
A nova ligação portuguesa pretende ser a solução para a crise do gás na Europa, tornando-se uma alternativa à importação russa.
Portugal pode desempenhar um “papel extraordinário” na conquista da autonomia da Europa da dependência energética da Rússia. Quem o afirma é o primeiro-ministro português, António Costa, anunciando sábado que o novo traçado do gasoduto português já está definido. São 160 quilómetros entre Celorico da Beira até à fronteira com Espanha que depois abastecerá o centro da Europa, afetada pelo corte do fornecimento do gás russo.
De Celorico da Beira partirá a nova ligação de gás até Vilar de Frades, na fronteira, onde então “amarrará” com a rede espanhola. O gasoduto demorará 30 meses a ser construído e custa entre 150 a 244 milhões de euros, noticia este sábado a CNN Portugal que teve acesso ao projeto. O desejo de Portugal é que seja a União Europeia a pagar a nova infraestrutura.
António Costa declarou que os trabalhos já estão “muito avançados” e que em conjunto a Península Ibérica tem capacidade para substituir grande parte do gás que hoje a Europa Central importa da Rússia”, sublinhou. O gás russo cobre 40% das necessidade de gás da Europa e um corte total do fornecimento pela Rússia teria um efeito devastador nos países da Europa Central e Leste.~~
De acordo com a CNN Portugal o projeto do gasoduto apresenta duas alternativas com custos distintos. Se a ligação for de transporte apenas de gás natural o orçamento estimado é de 155 milhões de euros.
A outra alternativa, é mais complicada, e permite também o transporte de hidrogénio verde, cujo custo está orçamentado em 244 milhões de euros. Ao orçamento português de ambos os projetos serão adicionados mais 113 milhões de euros por Espanha para a ligação entre a fronteira portuguesa e Zamora, indica a CNN Portugal. Valor já com o transporte de hidrogénio verde.
Portugal 100% empenhado
Foi o chanceler alemão, Olaf Scholz, quem apelou à construção de um gasoduto que transporte gás a partir de Portugal através de Espanha e França para o resto da Europa, face à atual dependência de gás russo. E a resposta de António Costa foi clara.
“A Alemanha pode contar 100% com o empenho de Portugal para a construção do gasoduto. Hoje para o gás natural, amanhã para o hidrogénio verde”, escreveu António Costa numa publicação na sua conta oficial da rede social Twitter.
Até à concretização desse gasoduto, “o Porto de Sines poderá ser utilizado como plataforma logística para acelerar a distribuição de Gás Natural Liquefeito (GNL) para a Europa”, adiantou.
Apesar de nem Portugal nem Espanha serem produtores de gás natural, podem servir de “interfaces e porta de entrada, seja do gás natural que provém designadamente do Atlântico – dos Estados Unidos, da Nigéria, da Trinidad e Tobago – (…) amarrando em Sines e, a partir daí, seguindo em ‘pipeline’”, precisou o governante português.
“Finalmente a Europa ganhou consciência que tem de ser autónoma do ponto de vista energético da Rússia e que, na construção dessa autonomia, a Península Ibérica, designadamente Portugal, têm um papel extraordinário que podem desempenhar”, vincou o primeiro-ministro português.