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EUA já podem agravar tarifas a produtos europeus. OMC dá razão a Trump

Decisão da Organização Mundial do Comércio foi publicada. Bruxelas promete retaliar na mesma medida. Produtos portugueses também podem ser afetados.

A decisão está agora nas mãos de Donald Trump. O presidente norte-americano conseguiu uma meia vitória na Organização Mundial do Comércio (OMC) que autorizou Washington a agravar as tarifas alfandegárias sobre produtos europeus.

Em causa estava um caso com 15 anos que envolvia alegados apoios estatais ilegais à construtora aeronáutica Airbus. “Os Estados Unidos podem solicitar a autorização do DSB (Dispute Settlement Body) para tomar contramedidas em relação à União Europeia e a certos Estados-Membros, conforme indicado no documento WT/DS316/18, num montante total que não exceda os 7 496 milhões de dólares (6,8 mil milhões de euros)”, lê-se no relatório da OMC.

A administração norte-americana preparou uma lista provisória de bens europeus no valor de 21 mil milhões de dólares sobre os quais pode agravar as tarifas, mas apenas pode pedir autorização até 7,5 mil milhões de dólares. Dessa lista constam produtos que Portugal vende aos EUA.

Bruxelas promete retaliar na mesma moeda Pouco depois de conhecida a decisão da OMC, a comissária para o Comércio, Cecilia Malmström emitiu um comunicado em que promete retaliar na mesma moeda.

“Entendemos que, mesmo que os Estados Unidos, tendo obtido autorização da Organização Mundial do Comércio, optem pela aplicação de contramedidas agora seria míope e contraproducente”, refere a responsável do executivo comunitário.

A Comissão Europeia também apresentou uma queixa junto a OMC contra os Estados Unidos alegando que também houve ajudas ilegais à Boeing. A decisão da Organização Mundial do Comércio deverá ser conhecida na primeira metade do próximo ano. Malmström lembra que “a Comissão Europeia comunicou, de forma sistemática, aos EUA que a União Europeia está pronta para trabalhar numa solução equilibrada para as respetivas indústrias aeronáuticas.”

A responsável do executivo comunitário sublinha ainda que “a imposição mútua de contramedidas apenas vai apenas infligiria danos a empresas e cidadãos de ambos os lados do Atlântico, prejudicando o comércio global e a indústria aeronáutica num momento delicado.”

Vinhos verdes entre os mais afetados

A lista final de produtos afetados por essas tarifas suplementares ainda é desconhecida, mas, da proposta inicial apresentada pela administração Trump, há alguns que são exportados por Portugal e que, no caso do vinho, tem maior peso – sobretudo os verdes. Mas também os queijos e o azeite.

Mas vamos por partes. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), no ano passado o valor das exportações de vinho para os Estados Unidos atingiu 80,8 milhões de euros, correspondendo a 10% do total vendido ao exterior. Neste valor estão incluídos apenas os vinhos de uvas frescas e espumantes.

O mercado norte-americano é o segundo mais importante, depois do francês, para onde o país exportou mais de 114,4 milhões de euros, representando 14,3% das vendas totais.

Mas é na categoria dos vinhos verdes que o impacto poderá ser maior, caso se confirme a lista inicial. Neste caso, os EUA são os primeiros clientes. No ano passado foram vendidos cerca de cinco milhões de litros, correspondendo a 13,3 milhões de euros de vendas e até julho, já chegavam a 3,7 milhões de euros.

“É com alguma preocupação que acompanhamos este caso”, afirma Manuel Pinheiro, presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), em declaração ao Dinheiro Vivo. Mesmo assim, está confiante. “O sentimento é muito positivo, sobretudo com o Japão”, acrescentando que também a Alemanha apresenta um bom comportamento, “com um crescimento de 3%”, sendo o segundo maior mercado em termos de vendas, com valores acima de 11 milhões de euros.

Na Europa, o problema é mesmo o Reino Unido e o que vai acontecer com o Brexit. Os ingleses são o sexto maior mercado do vinho verde português.

Queijos e azeite

Com uma importância mais diminuta, também estão produtos como os queijos e o azeite. No primeiro caso, de acordo com os dados do INE, Portugal exportou no ano passado queijos e requeijão para os Estados Unidos no valor de 2,6 milhões de euros, uma pequena parcela de 7,2% do total de exportações.

Já no caso do azeite, o peso das vendas ao mercado norte-americano é ainda mais pequeno, representando cerca de 1% do total de vendas ao exterior. Neste produto, o mercado brasileiro é o mais importante, absorvendo cerca de um terço das exportações nacionais de azeite.

A lista provisória apresentada pela Casa Branca inclui outros produtos que podem afetar as exportações nacionais como é o caso de aeronaves e partes de aparelhos que valeram a Portugal no ano passado mais de 74,9 milhões de euros, representando 24,3% das vendas totais destes produtos ao exterior.

Fonte: Dinheiro Vivo

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