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Carlos Ghosn: “Não escapei à justiça, escapei à injustiça”

O antigo presidente da aliança Renault/Nissan, está esta quarta-feira a dar a sua primeira conferência de imprensa desde a fuga do Japão. E está ao ataque. “Fui vítima da Nissan com a cumplicidade dos procuradores do Japão”, afirmou, acusando o sistema de justiça nipónico de não respeitar os direitos civis básicos

Ao ataque. Está a ser assim a conferência de imprensa de Carlos Ghosn, que decorre esta quarta-feira a partir do Líbano, país onde se encontra desde a sua espetacular fuga do Japão.

O antigo líder da aliança Renault/Nissan, que criou um dos maiores gigantes mundiais da indústria automóvel, vincou que “não escapei à justiça, escapei à injustiça”.

Ghosn justificou a fuga com a “impossibilidade de um julgamento justo”, frisando que “cheguei à conclusão que fugia ou morria no Japão”.

Na sua intervenção, o gestor fez acusações graves à Justiça japonesa, afirmando que “fui vítima da Nissan, com a cumplicidade dos procuradores japoneses”.

O gestor frisou que está a ser vítima de um conluio que envolve a liderança da Nissan e as autoridades japonesas. “O conluio entre a Nissan e os procuradores está á vista de todos”, considerou.

A explicação, segundo Ghosn, prende-se com a integração crescente, que estava a levar a cabo, entre a japonesa Nissan e a francesa Renault. “Havia pessoas do lado japonês que achavam que a única forma de terem mais autonomia na NIssan era livrarem-se de mim”, argumentou.

Destacando que “há mais de 400 dias que esperava por este dia”, em que finalmente pode apresentar o seu lado da história aos jornalistas, Ghosn revelou que “fui interrogado durante meses, oito horas por dia, sem o meu advogado presente e sem saber exatamente as acusações contra mim”, tendo passado muito tempo na “solitária”.

E foi ainda ainda mais longe, afirmando que nos interrogatórios, “o procurador disse-me repetidamente para confessar e acabar com tudo. E que se não o fizesse iriam atrás da minha família”.

Recorde-se que Ghosn foi detido no Japão em Novembro de 2018, tendo saído da cadeia sob uma fiança em março de 2019. Mas, voltou a ser detido, saindo de novo sob fiança, após o que ficou sob prisão domiciliária. Contra ele pendem acusações de que rejeita, de ocultação de rendimento e recebimento de pagamentos indevidos efetuados pelo grupo Nissan. Acusações que Ghosn rejeita liminarmente.

No último dia do ano de 2019 foi protagonista de uma espetacular fuga para o Líbano, a bordo de um jato privado.

Mas, na conferência de imprensa frisou que “não estou aqui para falar de como fugi do Japão, mas porque é que fugi”. E reforçou: “Não estou aqui para me vitimizar, mas para lançar luz sobre um sistema de justiça que viola os direitos civis básicos”.

Um sistema “corrupto, que assumiu a minha culpa desde o primeiro dia”, vincou Ghosn, destacando que o sistema de justiça japonês tem uma taxa de condenação de 99,4% e é “indiferente à verdade e aos direitos civis básicos”.

Ghosn disse ainda que os procuradores japoneses “queriam impedir-me de falar à imprensa”. E, lembrando o mandato de detenção contra a sua mulher, já esta semana, sob a acusação de perjúrio cometido há nove meses, assegurou que “não estavam interessados na verdade, mas em construir um caso forte contra mim”.

Fonte: Expresso

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