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AUTOMÓVEIS Frankfurt perde salão automóvel em 2021

Ao fim de quase 70 anos, a mais importante mostra da indústria dos carros diz adeus à cidade alemã de Frankfurt. Berlim, Hamburgo e Munique na corrida à sucessão.

A cidade alemã de Frankfurt vai deixar de ser anfitriã do Salão Internacional do Automóvel, que ali tinha lugar desde 1951. Ao fim de 70 anos, a maior exposição da indústria automóvel para veículos de passageiros vai rumar a outra cidade da Alemanha. O adeus está marcado para 2021 e Berlim, Hamburgo e Munique estão na corrida para receber a feira.

É um sinal dos tempos, que não estão fáceis para a indústria automóvel. As grandes feiras mundiais do sector, usadas para mostrar novidades e inovações, modelos e apostas comerciais, têm vindo a perder público e relevância. Marcas como a Tesla apontaram novos caminhos para a forma como a indústria se promove. Na última edição, em 2019, marcas como Toyota, Renault, Peugeot, Nissan, Fiat e Ferrari estiveram ausentes. O número de visitantes também caiu a pique: de 810 mil em 2017 para 560 mil em 2019.

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O número de visitantes caiu quase 50% desde 2015 REUTERS/RALPH ORLOWSKI

Outras feiras mundiais, como as de Detroit ou de Paris, estão a braços com o mesmo problema, o desinteresse do público e as novas formas de promoção por parte dos fabricantes, que têm vindo a apostar em eventos próprios, muitas vezes transmitidos online, para chegar às diferentes fatias de mercado que lhes interessam.

Frankfurt continuava a receber no mês de Setembro, de dois em dois anos, a Internationale Automobil-Ausstellung (IAA), nome germânico original do Salão Internacional do Automóvel, onde costumavam desfilar as jóias dos fabricantes de todo o mundo. Mas o fim desse ciclo chegou, segundo anunciou a federação da indústria automóvel da Alemanha (VDA), num comunicado divulgado na quarta-feira à noite.

Em 2015, o salão registou um pico de assistência, com quase 932 mil visitantes. Depois disso, foi sempre a cair, suscitando um apaixonado debate sobre se a exposição tinha o formato certo ou se deveria ser reformulado.

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Protesto ambientalista à porta do salão marcou o arranque da edição 2019, que acaba por ser a última em Frankfurt REUTERS/WOLFGANG RATTAY

Com a indústria preocupada em responder a diferentes desafios ao mesmo tempo (menos emissões, motores mais “limpos”, digitalização, mobilidade autónoma, motores eléctricos, mobilidade partilhada), ganhou a inércia e o modelo e o palco foi-se mantendo. Porém, num país manchado pelo escândalo dieselgate, foi sol de pouca dura. A edição de 2019, marcada também por veementes protestos de activistas ambientais à porta do salão, marcou o fim de uma ligação de sete décadas.

A 11 de Setembro de 2019, véspera da abertura ao público da mais recente edição, o ex-CEO da Opel, Karl-Thomas Neumann, disse no Twitter o que todos pensavam em privado: “É tão óbvio que mais vale dizê-lo explicitamente: o IAA 2019 é um enorme falhanço. É uma triste sombra do que já foi. Não vai haver IAA em 2021. Fim da história.

O tempo deu-lhe razão.

Na imprensa alemã, diz-se que o poder local tinha perdido algum interesse no evento. Embora a economia local apreciasse as receitas na hotelaria, na restauração e nos transportes, durante os dias de actividade na Messe Frankfurt, o presidente da câmara vinha demonstrando outro tipo de preocupações. “Frankfurt está a precisar de mais autocarros e mais comboios e não de mais SUVs”, disse o autarca, Peter Feldmann, no dia da abertura da edição de 2019. Mas no Frankfurter Allgemeine, o maior diário da cidade e um dos mais influentes do país, a culpa também é atribuída ao custo das presenças. “Muitos fabricantes achavam simplesmente que a Messe Frankfurt já não funciona. Tornou-se cara de mais. O marketing na Internet rende mais.”

No comunicado de quarta-feira, a VDA diz estar “muito satisfeita” com o interesse de outras cidades alemãs em receberem o evento. Berlim, Frankfurt am Main (que voltou a concorrer mas foi preterida), Hamburgo, Hanôver, Colónia, Munique e Estugarda apresentaram as suas propostas entre 23 e 24 de Janeiro. “Será uma corrida apertada”, afirma a federação germânica. “Cada uma das sete cidades defendeu um perfil distinto e realçou as suas forças”, sublinha a VDA.

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