Aeronáutica: grupo francês STELIA Aerospace constrói linha de montagem em Santo Tirso
Investimento no sector aeronáutico que o Expresso antecipou no fim de semana vai gerar 240 postos de trabalho, 30 dos quais altamente qualificados. Para já, a empresa que produz aeroestruturas, assentos de pilotos e assentos de passageiros de Primeira Classe e Classe Executiva e que fornece a Airbus investirá 40 milhões de euros.
A STELIA Aerospace, empresa que fabrica aeroestruturas, assentos de piloto e assentos de passageiros de Primeira Classe e Classe Executiva, vai abrir uma linha de montagem em Portugal. Ficará localizada em Santo Tirso, no distrito do Porto, num investimento que ultrapassa os 40 milhões de euros e em que se prevê criar 240 postos de trabalho, 30 dos quais altamente qualificados.
Em comunicado, a empresa francesa, com sede em Toulouse, refere que “a abertura desta nova linha de montagem em Santo Tirso, no distrito do Porto, completará e reforçará a sua configuração industrial (5 unidades, 2 subsidiárias em França, 2 subsidiárias em Marrocos, 1 na Tunísia e 2 na América do Norte)”.
Além disso, “esta nova unidade desenvolverá as atividades de assemblagem de subconjuntos de estruturas aeronáuticas, as quais serão depois exportadas para as unidades da STELIA Aerospace de Méaulte e Rochefort, em França, para aí serem integradas. A atividade começará no final deste ano e aumentará progressivamente para atingir a velocidade cruzeiro até 2023”.
A STELIA Aerospace projeta e fabrica as secções de fuselagem dianteiras para todo o grupo Airbus. Produz também as secções de fuselagem e subconjuntos específicos para Airbus, asas totalmente equipadas para ATR, fuselagens centrais totalmente equipadas para o avião Global 7500 da Bombardier e componentes complexos das aeroestruturas metálicas e em compósito para a Boeing, Bombardier, Embraer, Northrop-Grumman.
Entre os motivos pelos quais Portugal foi escolhido para este investimento foram apontados a “relevante experiência no sector aeronáutico, a disponibilidade de talento, a integração na Zona Euro e a proximidade geográfica com as localizações francesas da STELIA Aerospace, permitindo uma otimização dos fluxos logísticos”.
“A decisão de investimento da STELIA Aerospace no nosso País é confirmação inequívoca da elevada competitividade que o cluster aeronáutico nacional já atingiu”, refere o primeiro-ministro português no comunicado. António Costa diz também que “este investimento, num sector de elevado potencial, contribuirá certamente para o aprofundamento de parcerias industriais, mas induzirá também a cooperação ao nível da investigação e desenvolvimento”.
A STELIA Aerospace assume-se como uma das empresas líderes mundiais no campo das infraestruturas aeronáuticas, assentos de piloto e assentos de passageiros da Classe Executiva e Primeira Classe e tem uma faturação de 2,2 mil milhões de euros e 7000 funcionários em todo o mundo.
Conforme o Expresso noticiou na sua edição deste fim de semana, há já vários anos que Portugal perseguia este projeto, que foi disputado por vários países europeus, sendo que, na reta final, a escolha foi decidida em desfavor de dois concorrentes do Leste. Espanha também chegou a estar na corrida.
O Governo ainda tentou ‘empurrar’ o projeto para uma zona mais interior do território nacional, mas foi a própria empresa que fez questão de escolher a localização final. Aliás, foram tidos em conta todos os fatores, incluindo o preço do metro quadrado do terreno industrial, e foi precisamente devido a diferenças consideráveis entre localizações propostas que por pouco não se perdeu definitivamente o projeto.
Fontes ligadas ao processo garantiram ao Expresso que o investimento agora anunciado pode crescer para níveis próximos do que o que a Embraer já realizou em Portugal e que já ronda os 400 milhões de euros.
Na semana passada a AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal dizia ao Expresso que estava a acompanhar “intenções de investimento nesta área, em diferentes estados de decisão, e espera poder vir a registar, muito em breve, a concretização de alguns destes projetos em pipeline”. Adiantava ainda que “tem trabalhado o sector aeronáutico de forma proativa nos últimos anos, abordando os principais grupos do sector a nível mundial”, participando nas principais feiras aeronáuticas mundiais.
Dizia também que, “para a AICEP, o sector aeronáutico é estratégico pois representa um sector em crescimento e que pode potenciar valências industriais adquiridas neste século, nomeadamente relacionadas com o sector automóvel. Além disso, permite uma maior diversificação da indústria e das exportações nacionais, com fator de arrastamento junto do tecido industrial nacional e consequente valorização da cadeia de valor. Uma das principais vantagens de Portugal reside no seu talento, nas infraestruturas de Formação Profissional e Investigação associadas ao sector e na sua localização geoestratégica na Europa, na Zona Euro”.
Fonte: Expresso