China troca subsídios aos eléctricos por quotas
O maior mercado para carros eléctricos mudou novamente de estratégia. Agora, em vez de apenas incentivos, passa a impor também quotas aos fabricantes, obrigando-os a vender versões amigas do ambiente.
A China é o maior mercado do mundo para veículos e, como seria de esperar, é também aquele em que se vendem mais modelos eléctricos alimentados por bateria. Há uma razão para esta última característica, que se prende com o facto de este país oriental possuir a pior qualidade do ar em todo o planeta.
Para retirar os carros poluentes do centro das grandes cidades, os dirigentes chineses começaram por subsidiar todos os veículos eléctricos. Depois, à medida que os preços dos modelos baixavam com o passar do tempo, começaram a exigir mais autonomia e a diminuir os incentivos, privilegiando os veículos que mais andam entre recargas.
Agora, em finais de 2019, o ministro chinês da Indústria e Informação Tecnológica veio anunciar o plano para os próximos 15 anos, no que respeita aos veículos eléctricos. A China quer atingir uma penetração de 25% dos veículos a bateria em 2025, apesar de pretender continuar a diminuir os incentivos, obrigando os fabricantes a realizar o esforço comercial necessário à sua colocação no mercado. E os construtores não têm grandes alternativas, pois só se conseguirem atingir determinada quota, isto é, volume de vendas, é que acederão a créditos de carbono suficientes para poderem continuar a vender automóveis com motor a combustão.
Segundo a Automotive News China, o ministro não especificou como funcionaria este programa de créditos de carbono. Mas deu, ainda assim, algumas pistas. Em 2019, os fabricantes têm de reunir créditos equivalentes até 10% do seu volume total de vendas, valor este que irá aumentar no próximo ano para 12%. Um modelo 100% eléctrico merece um maior número de créditos, que serão tão mais elevados quanto maior for a autonomia, com os híbridos plug-in a contribuírem com um menor número de créditos.
Será curioso ver até que ponto, com a nova legislação, continuará a ser rentável para os construtores ocidentais produzir veículos eléctricos na China para alimentar o mercado local, bem como os modelos com motores de combustão. Sobretudo depois do corte de 60% dos incentivos para os carros eléctricos realizado em Junho. Não menos curioso é perceber se a Tesla, que já começou a produzir na Gigafactory 3, continua confiante no investimento de cerca de 2 mil milhões de dólares que realizou nas instalações próximas de Xangai.
O fabricante americano viu ser-lhe atribuído recentemente a possibilidade de iniciar a comercialização de Model 3 – o primeiro veículo fabricado na Gigafactory 3, uma vez que o Model Y só arrancará em 2020 –, enquanto simultaneamente foi atribuída à berlina eléctrica o direito de ser elegível para os actuais (e cada vez menores) subsídios. Com um preço de 355.800 yuan (cerca de 45.700€), o Model 3 tem ainda direito a 25.000 yuan (cerca de 3.210€) de incentivos, com a Tesla a pretender produzir 150.000 Model 3 por ano.