Clubes de Fornecedores da Autoeuropa e PSA terão apoios europeus até ao final do trimestre. Mas já há desistências
Demora na concretização dos apoios de fundos europeus, que estava prevista para junho ou julho de 2019, já levou empresas a desistir de integrar redes dos Clubes de fornecedores da Autoeuropa e PSA.
Os Clubes de Fornecedores da Autoeuropa e da PSA foram formalmente criados. No entanto, vários meses depois, as empresas que receberam luz verde para integrar a lista de fornecedores continuam sem apoios do Portugal 2020 e até já há empresas que desistiram de integrar a lista, apurou o ECO.
Os novos Clubes foram criados no verão mas, apesar de as candidaturas das empresas para integrar a lista de fornecedores terem sido entregues em março de 2019 — e as PME escolhidas no verão –, o ano de 2019 chegou ao fim e não foi lançado o concurso, no âmbito do Sistema de Incentivos, que vai incluir uma dotação específica para apoiar estas empresas. O concurso será lançado até ao final do primeiro trimestre de 2020, disse ao ECO fonte oficial do Ministério da Coesão Territorial.
A lista de candidatos a fornecedores dos respetivos clubes foi entregue ao Compete, o programa operacional do Portugal 2020 dedicado às empresas, em março de 2019, e a decisão de quem reúne os requisitos para obter apoios comunitários foi tomada no verão, confirmou o ECO junto de fonte oficial do mesmo programa.
No entanto, a demora na concretização dos apoios de fundos comunitários, que estava prevista para junho ou julho de 2019, já levou empresas a desistir de integrar estas redes. “Há fornecedores que já estão a desistir, o que é um mau sinal”, disse ao ECO uma fonte próxima do processo.
Apesar de as empresas nucleares, em torno das quais vão ser formados os clubes de fornecedores (a Autoeuropa e a PSA), já estarem escolhidas desde 2018, no âmbito de um concurso lançado em agosto desse ano, continua a existir apenas um Clube de Fornecedores de pleno direito — o Clube da Bosch lançado, em fevereiro de 2017, com a Universidade do Minho. No caso da multinacional alemã, estava previsto que investisse 100 milhões de euros e criasse 300 postos de trabalho, para além de conduzir a um acréscimo de 80 milhões de euros de compras da Bosch a PME nacionais.
O ECO sabe que houve a expectativa de que o concurso, ao qual as empresas se vão poder candidatar, fosse lançado na primeira semana de dezembro, mas essa possibilidade acabou por não se concretizar e as empresas nucleares já fizeram chegar ao Governo a sua preocupação pela demora no processo, sabe o ECO.
Um processo atribulado
No caso da Bosch, a criação do primeiro clube de fornecedores tinha como objetivo avançar com quatro projetos-piloto. Três meses depois, o ECO avançava que o Executivo estava a lançar uma operação de charme à Embraer para que fosse a empresa a alavancar o clube seguinte. Mas embora não tenha desistido, tal como garantiu fonte oficial da empresa ao ECO — a proposta de joint-venture entre a Embraer e Boeing complicou o processo.
Em abril de 2018, o então ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral disse que o Executivo estava em negociações com quatro empresas, sendo que duas estavam numa fase mais avançada, embora não estivesse confiante que chegaria a bom porto com todas elas. A Autoeuropa era uma dessa empresas, mas “levou mais de um ano a aceitar o convite” que lhe foi dirigido pelo Governo português, disse ao ECO uma fonte próxima do processo. Fonte oficial da Autoeuropa garante ao ECO que “o processo foi entregue no tempo devido”.
O que é um Clube de Fornecedores?
O objetivo é garantir a integração de PME em cadeias produtivas mundiais através da sua qualificação. Um upgrade conseguido através da colaboração com empresas nucleares que têm um papel relevante nessas cadeias de valor. Assim, as PME ganham escala em áreas que têm procura a nível internacional.
As empresas nucleares têm de cumprir, cumulativamente, uma série de requisitoscomo trabalhar em setores com “procuras dinâmicas e inseridas em cadeias internacionais”; ter um determinado volume de negócios, de compras a fornecedores de componentes e apresentar uma intensidade exportadora superior a 50%. Além disso, as empresas têm de apresentar uma estratégia de desenvolvimento que dê particular importância à integração de fornecedores nacionais de componentes e matérias-primas e ainda um programa de parceria com os fornecedores.
Depois de identificadas as empresas nucleares, há que escolher um número representativo de empresas fornecedoras, assim como as entidades de interface que vão integrar a rede. Em seguida são definidos os objetivos estratégicos e é feita uma estimativa dos valores envolvidos. Um passo fundamental para, quando são abertos concursos no âmbito do Sistema de Incentivos do Portugal 2020 que vão apoiar os investimentos a realizar nas empresas fornecedoras, já haja uma ideia de qual o montante a que se candidatam.
Fonte: Eco Sapo