Companhias aéreas carregam no combustível a bordo para poupar. E o ambiente sai a perder
Investigação da BBC mostra que, no ano passado, foram geradas 18 mil toneladas de dióxido de carbono a mais só pela British Airways. A companhia mete mais combustível a bordo para gerir os postos de abastecimento e conseguir, assim, poupanças nos custos. Não é a única
Um avião levanta voo com mais combustível a bordo do que aquele que necessita. Vai mais pesado, emite mais gases para a atmosfera, mas, para a companhia, tal é feito com propósitos de poupança: ficaria mais caro abastecer no destino.
Chama-se, na indústria aeronáutica, de “fuel tankering” – exagerar no abastecimento de combustível. Uma investigação da BBC Panorama, que teve acesso a informação e a documentos com base num denunciante da empresa, mostra que os aviões da British Airways geraram 18 mil toneladas de dióxido de carbono a mais por conta desta prática só no último ano.
Segundo a estação, haverá um software que permite calcular onde é que é possível realizar estas poupanças. Um exemplo dado pela BBC é o de um voo da British Airways para Itália, com três toneladas de combustível a mais,que emitiu 600 quilos de dióxido de carbono a mais. Conseguiu, com isto, poupar 40 libras (46 euros, ao câmbio atual).
A poupança no combustível – um dos mais pesados elementos nos custos das companhias aéreas – deve-se ao facto de os destinos europeus terem preços diferentes para o abastecimento. A Easyjet, segundo a BBC, também segue esta prática.
A British Airways, que pertence ao grupo IAG, defende que transporta combustível em demasia por “razões operacionais, de segurança e de preço”.
A Eurocontrol, que coordena o tráfego aéreo na Europa, calcula que esta prática, na Europa, resulta em 901 mil toneladas de dióxido de carbono a mais. A Greenpeace, pelo seu diretor do Reino Unido, John Sauven, diz à investigação da BBC que este é um “exemplo clássico de uma empresa que coloca os lucros à frente do planeta”.
Entretanto, Willie Walsh, líder da IAG (dona da British Airways, que tem reiterado o seu compromisso ambiental), defende que a empresa, apesar de seguir esta prática, deve repensá-la. “Estamos a questionar-nos se é sustentável. Claro que as poupanças financeiras nos incentivam a fazer isto. Mas talvez seja a coisa errada a fazer”, cita o The Guardian.
Fonte: Expresso