Componentes automóveis preveem perder 3,5 mil milhões
A indústria de componentes automóveis deverá registar “quebras abruptas” na atividade de 50% em março e de 90% em abril e maio.
A indústria portuguesa de componentes automóveis deverá registar “quebras abruptas” na atividade de 50% em março e de 90% em abril e maio, só começando a recuperar em novembro do impacto da pandemia.
“Só a partir de novembro a indústria portuguesa de componentes para o automóvel começará a recuperar, sem contudo chegar aos números de 2019”, antecipa a Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA), apontando para uma descida de 30% no volume de negócios na totalidade do ano 2020, que não deverá exceder 8,5 mil milhões de euros, contra os 12 mil milhões do ano anterior.
A AFIA nota que estes números seguem-se à evolução positiva de 8% que as exportações de componentes automóveis tinham registado em janeiro e evidenciam o “severo impacto” perspetivado a curto prazo no setor, em resultado da pandemia de Covid-19 e do consequente abrandamento da economia e redução da procura de automóveis.
“Os grandes cortes na produção de automóveis – na União Europeia as fábricas automóveis estão paradas – obrigam os fornecedores a considerar mudanças drásticas”, refere, explicando que “esta situação é um culminar de fortes pressões sobre as empresas em geral, e em particular para as portuguesas, caracterizada por uma redução de encomendas”.
Destacando o setor dos componentes para automóveis como “um dos que mais contribui para a economia nacional”, sendo responsável por 6% do Produto Interno Bruto (PIB), 8% do emprego da indústria transformadora e 16% das exportações nacionais de bens transacionáveis, a AFIA volta a reclamar “medidas urgentes, flexíveis e eficazes” dirigidas “às necessidades específicas e à importância estratégica desta indústria”.
Reitera a necessidade de criação de “uma linha de crédito específica para as empresas do setor” e de alteração do regime de lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho), de modo a “permitir o acesso imediato a este regime às empresas que tenham tido uma quebra de faturação superior a 40% nos últimos 30 dias, mas medidos depois do final do período pedido para o lay-off e comparando com a média mensal dos últimos dois meses anteriores a esse mesmo período”.
Adicionalmente, diz, deve “resultar claro deste regime a possibilidade de lay-off parcial”.
As medidas reclamadas pela AFIA passam ainda pela alteração do regime de férias, “de modo a permitir desde já a sua marcação”, e a criação de medidas de proteção dos postos de trabalho.
“Estas medidas permitirão às empresas não só atenuar esta crise, mas também manter a sua competitividade após este período, logo que se verifique a retoma gradual da economia”, sustenta a associação, garantindo que o setor está disponível “para dialogar com o Governo e encontrar modelos de desenvolvimento integrados, sob pena de redução drástica dos investimentos e encerramento de empresas ou unidades de produção, com consequências graves na economia e sociedade”.
A indústria portuguesa de componentes para a indústria automóvel agrega 240 empresas com sede ou laboração em Portugal, que empregam diretamente 59 000 pessoas e faturam 12 mil milhões de euros por ano, com uma quota de exportação superior a 80%.
Fonte: Dinheiro Vivo