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É por isto que os trabalhadores não vão parar de se despedir

Tem sido apelidada de “The Great Resignation” ou “The Great Attrition”. Começou no início da pandemia de Covid-19 e, de acordo com os mais recentes estudos, não mostra sinais de abrandar. Flexibilidade, bem-estar e um bom chefe estão à frente de um bom salário, mas há mais.

As estatísticas oficiais mostram que mesmo com uma crise económica global a crescer, os trabalhadores estão a continuar a sair dos seus empregos. Mais de 4 milhões de pessoas nos EUA demitiram-se em junho. Quase 11 milhões de ofertas de emprego permanecem por preencher nos Estados Unidos, de acordo com o US Bureau of Labor Statistics.

Em Portugal a situação é semelhante: em julho de 2022, inscreveram-se no Instituto do Emprego e Formação Profissional mais 36 mil pessoas, e só 6 mil foram colocadas, sendo que o instituto totalizava mais de 10 mil ofertas de emprego.

Na União Europeia, a média é de cerca de 3% de vagas por preencher.

A Great Resignation veio para ficar?

O novo inquérito, Mckinsey’s 2022 Great Attrition, Great Attraction 2.0 global survey, partilhado no World Economic Forum, sugere que a Great Resignation não vai abrandar. Concluíram que 40% dos inquiridos em seis países estão descontentes no trabalho e que estão a considerar despedirem-se do trabalho num futuro próximo. Isso equivale a dois em cada cinco colaboradores a pensar em sair dos atuais trabalhos nos próximos três a seis meses.

Dos seis países inquiridos, a Índia foi o país onde mais se verificou a vontade de mudar de emprego: 66% das pessoas planeavam fazê-lo.

E o fator decisivo não é só uma melhor remuneração, de acordo com o estudo: 41% das pessoas nos EUA, Canadá, Reino Unido, Austrália. Índia e Singapura declararam que uma falta de perspetiva de progressão na carreira era o fator principal para fazer a mudança de emprego.

Uma baixa remuneração figurou o segundo lugar da lista, mas houve ainda outros fatores que tiveram impactos significativos: lideranças que não são inspiradoras, o trabalho não ter um propósito, expectativas insustentáveis, falta de flexibilidade no trabalho e uma falta de apoios na área da saúde e bem-estar.

Os autores do relatório sugerem que o mundo do trabalho pode ter mudado de forma permanente.

“Esta tendência de demissões não vai parar. As pessoas estão a trocar de emprego e indústrias, mudando de cargos tradicionais para não-tradicionais, reformando-se mais cedo, ou começando os seus próprios negócios. Estão a fazer pausas para cuidar das suas vidas pessoais, ou a tirar licenças de sabática. A Great Resignation está a tornar-se a Great Renegotiation (a Grande Renegociação).”

As conclusões do relatório da McKinsey correspondeu também ao recente inquérito conduzido pela PwC. Contou com a participação de 52 mil trabalhadores em 44 países e concluiu que um em cada cinco pretende pedir a demissão em 2022.

O estudo apurou também que pondo a remuneração de parte, a flexibilidade no trabalho tem se tornado cada vez mais importante para as pessoas. Mais de um quarto das pessoas afirmou que preferia trabalhar remotamente em full-time. No entanto, apenas 18% declarou que o seu empregador estaria disposto a fazer essa mudança.

Como conseguir parar a agitação no mercado de trabalho

O relatório da McKinsey ajuda-nos a compreender como é que os empregadores podem navegar o novo rumo do mercado de trabalho. Afirma ainda que as organizações deviam focar mais na compensação e benefícios, assegurando o desenvolvimento da carreira e, crucialmente, assegurando-se que as lideranças inspiram os colaboradores.

Para atrair e reter uma nova geração de colaboradores, a McKinsey diz que “uma proposta de valor não-tradicional” tem de ser construída. Isto deve envolver a flexibilidade, o bem-estar psicológico, benefícios na área da saúde e uma cultura de trabalho forte e com propósito.

A abordagem à contratação de talento também deve ser ampliada para que sejam adaptadas a diferentes tipos de trabalhadores.

Os autores concluem: “Tem de ser sublinhado o quão influente um mau chefe pode ser, que pode mesmo levar a que um colaborador saia da organização. Enquanto no passado um salário atrativo era o suficiente para manter as pessoas num determinado emprego independentemente de terem uma má liderança, hoje isso não é verdade, especialmente desde o início da pandemia. O nosso inquérito mostra que líderes insensíveis e que não são inspiradores são uma grande parte do motivo pelo qual as pessoas estão se a despedir. A flexibilidade, por outro lado, é um fator crítico e um motivo para uma pessoa ficar.”

A PwC também aconselha às organizações que “adaptem a estratégia da sua força de trabalho para ir de encontro às necessidades únicas dos colaboradores”, se querem ter sucesso no ambiente desafiador em que nos encontramos.

Fonte: Líder

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