Embraer anuncia início de processos arbitrais contra a Boeing
A Embraer estima que a desistência da Boieng na parceria gerou gastos de 485 milhões de reais (79,2 milhões de euros)
fabricante de aeronaves Embraer confirmou esta segunda-feira num comunicado ao mercado que já iniciou procedimentos arbitrais acerca da rescisão de um acordo global que celebrou com a Boeing.
“Em atendimento ao disposto na Instrução Comissão de Valores Mobiliários 358/02 e em complemento ao fato relevante divulgado em 25/04/2020, a Embraer S.A. informa a seus acionistas e ao mercado que procedimentos arbitrais foram iniciados acerca da rescisão do Acordo Global da Operação (Master Transaction Agreement – MTA) celebrado com a The Boeing Company”, lê-se no comunicado.
Neste processo a fabricante brasileira pedirá compensações pelos danos provocados pela Boeing, que rescindiu um contrato sobre a criação de uma ‘joint venture’ que iria incorporar a área de fabrico de jatos comerciais da Embraer e teria 80% de capital da Boeing e 20% da Embraer.
Também foi cancelado um acordo sobre a promoção e comercialização do avião militar C-390 Millenium.
A Embraer estima que a desistência da Boieng na parceria gerou gastos de 485 milhões de reais (79,2 milhões de euros).
A empresa brasileira deveria receber 4,2 biliões de dólares (3,8 mil milhões de euros) da Boeing neste momento com a esperada concretização da transação, que foi anunciada em julho de 2018.
Após a frustração da parceria Antonio Carlos Garcia, vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Embraer, frisou numa teleconferência com investidores que a empresa pretende economizar mil milhões de dólares (920 milhões de euros) este ano com negociações de contratos junto de fornecedores e corte de jornada de trabalho e salários dos seus empregados para reduzir o impacto causado pelo novo coronavírus.
Algumas fábricas da Embraer foram paralisadas durante a pandemia, o que deve gerar atrasos nas entregas previstas para 2020.
O negócio também gerou comentários do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que disse hoje de manhã, à saída da sua residência oficial, que o Governo brasileiro acompanha os desenvolvimentos do cancelamento do negócio.
“Estamos avaliando. Tem ‘golden share’ [ações especiais que conferem ao Governo brasileiro poder de veto em transações de controle acionário] minha, eu assino. E se o negócio realmente for desfeito, talvez se recomece uma negociação com uma outra empresa”, afirmou Bolsonaro.
Já Francisco Gomes Neto, presidente executivo da Embraer, declarou na teleconferência com investidores que a empresa brasileira deve focar-se inicialmente numa reestruturação interna.
“Vamos fazer primeiro a lição de casa, precisamos de algum tempo para isso. Vamos pensar sobre próximos passos estratégicos para nossa aviação comercial”, concluiu.
A Embraer é fabricante e líder mundial de aeronaves comerciais com até 150 lugares e tem mais de 100 clientes em todo o mundo.
A empresa brasileira mantém unidades industriais, escritórios, centros de serviço e de distribuição de peças, entre outras atividades, nas Américas, África, Ásia e Europa.
Em Portugal, no Parque de Indústria Aeronáutica de Évora, funcionam duas fábricas da Embraer, sendo que a empresa também é acionista da Ogma – Indústria Aeronáutica de Portugal, com 65% do capital, em Alverca.
Fonte: Expresso