Indústria automóvel em Portugal quer retomar produção até inícios de maio
Os principais fabricantes automóveis em Portugal pretendem retomar gradualmente a produção entre abril e inícios de maio, após várias semanas com as fábricas paradas.
As principais fabricantes automóveis em Portugal pretendem retomar gradualmente a produção entre abril e inícios de maio, após várias semanas com as fábricas paradas devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19.
A Renault Cacia foi a primeira a avançar, tendo já retomado parcialmente esta semana a produção – que estava suspensa desde 18 de março – com a chamada ao serviço de um quarto dos trabalhadores.
O diretor de comunicação da empresa, Ricardo Oliveira, disse à agência Lusa que a fábrica de Cacia tem, atualmente, a trabalhar 300 dos seus 1.165 colaboradores e perspetiva que esse número continue a aumentar progressivamente em maio, “em função do que for o arranque das outras fábricas do grupo”.
Inaugurada em 1981, a Renault Cacia produz, atualmente, caixas de velocidades e componentes para motores, como bombas de óleo, árvores de equilibragem e outros componentes em ferro fundido e alumínio.
Já a alemã Volkswagen, que na quarta-feira anunciou as datas de retoma das suas várias fábricas no mundo, quer reiniciar na última semana de abril a produção na Autoeuropa, em Palmela, distrito de Setúbal, que é a maior do setor em Portugal, com mais de 5.000 trabalhadores.
A atividade da fábrica de Palmela está oficialmente suspensa desde 17 de março, mas a empresa já estava parada desde o dia anterior, pois muitos trabalhadores faltaram para ficar com os filhos devido ao encerramento das escolas.
No passado dia 8, fonte da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa tinha anunciado que a administração iria promover um regresso gradual ao trabalho a partir de 20 de abril e recorrer ao lay-off para os trabalhadores que não regressem ao trabalho nessa data, mas garantindo a totalidade das remunerações.
Segundo a Volkswagen, a produção das suas diversas fábricas será retomada em linha com a disponibilidade de peças, requisitos dos governos e o desenvolvimento dos mercados de vendas, entre outras questões, e terá sempre como “a prioridade principal” o cumprimento “de medidas de proteção de saúde dos trabalhadores”.
Na quinta-feira, também a PSA anunciou que o seu Centro de Produção de Mangualde está “pronto para retomar a atividade”, assegurando que a implementação de um protocolo de medidas sanitárias reforçadas permitirá “retomar a atividade de forma gradual e segura”, contribuindo “para assegurar a continuidade” daquela unidade.
O grupo francês referiu, contudo, que “o calendário para retomar a atividade, que se fará no contexto do diálogo social com a representação dos trabalhadores, ainda não está definido e terá em conta a capacidade de funcionamento permitida pelas autoridades para as empresas exercerem a atividade industrial e comercial”.
O protocolo engloba mais de 100 medidas que abrangem todas as atividades do grupo ao nível industrial, administrativo e de investigação e desenvolvimento e, segundo o Groupe PSA, “coloca a unidade de Mangualde num nível muito elevado de proteção dos colaboradores no seu local de trabalho, em conformidade com as normas estabelecidas”. A unidade de Mangualde tem a atividade suspensa desde 18 de março.
Já fonte oficial da fábrica da Mitsubishi Fuso Truck Europe (MFTE) no Tramagal, em Abrantes, disse à Lusa que pretende “retomar a normal produção no dia 04 de maio”, estando até lá “a trabalhar nas medidas de segurança a implementar para assegurar a proteção da saúde de todos os trabalhadores”.
Com a produção suspensa desde o passado dia 23 de março, a fábrica da MFTE no Tramagal é o centro de produção da Fuso na Europa e emprega cerca de 400 trabalhadores diretos, integrando a Daimler Truck, a maior construtora mundial de veículos pesados. Os cerca de 400 trabalhadores da fábrica de camiões estão em lay-off desde 01 de abril.
Ainda sem previsão de retoma da produção está a fábrica da Toyota Caetano em Ovar, cuja linha de montagem, dedicada à produção do Toyota Land Cruiser série 70, está parada desde meados de março.
Fonte oficial do grupo Salvador Caetano disse à Lusa que a empresa aguarda ainda indicações da Toyota Europa, que anunciou já a retoma gradual da operação das fábricas do grupo em França e na Polónia, mas não avançou ainda nenhuma decisão quanto a Portugal, pois estava sujeita ao levantamento da cerca sanitária ao concelho de Ovar.
Já agendada – para 5 de maio ou até mais cedo, “caso haja possibilidade” – está a retoma da produção da fábrica de carroçarias e autocarros do grupo Salvador Caetano em Vila Nova de Gaia.
Segundo fonte do grupo, o reinício da atividade da CaetanoBus “está muito dependente da disponibilidade das matérias-primas vindas dos fornecedores, muitos dos quais estão em Itália”, mas também do reativar da oficina da empresa em Ovar (cujas instalações são contíguas às da Toyota Caetano), já que é lá que são produzidos os chassis para os autocarros fabricados em Gaia.
A fábrica de Gaia está praticamente parada desde inícios de abril, mas ao longo deste tempo manteve uma centena de funcionários “a trabalhar, de modo a garantir a entrega de algumas encomendas e a preparação de alguns veículos que estão a apoiar o combate à covid-19”.
No que diz respeito ao ritmo planeado para retoma da produção diária, o grupo Salvador Caetano diz que “há vários cenários que estão a ser estudados” e ressalva que as previsões podem “variar de um dia para o outro”: “Basta que surja uma pessoa infetada numa linha e vai ter logo um impacto direto na produção diária”, nota.
Fonte: Eco Sapo