Indústria portuguesa de componentes para automóveis cresce acima da europeia
De acordo com os dados da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel, entre 2015 e 2019, a indústria nacional de componentes automóveis teve um crescimento de 8% anualmente, que compara com um aumento de 0,3% da produção automóvel europeia.
A indústria nacional de componentes para automóveis registou um crescimento de 8% anualmente, entre 2015 e 2019, quando a produção na Europa aumentou 0,3%, avançou o presidente da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA).
José Couto, que falou hoje em conferência de imprensa, em Lisboa, contestou os dados divulgados num estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que apontavam para o “elevado número” de trabalhadores com “vínculo precário” e com “futuro incerto”, tendo em conta a “elevada dependência” da indústria do fabrico de modelos a combustão.
Para o responsável, a indústria nacional de componentes para automóveis tem crescido “acima da média europeia”, advertindo para o facto de a OIT ter errado ao não ter em conta esta indústria na análise que fez no estudo “Conduzir a mudança: o futuro do trabalho no setor automóvel português”, apresentado na semana passada.
De acordo com os dados do “cluster” da indústria automóvel, entre 2015 e 2019, a indústria nacional de componentes automóveis teve um crescimento de 8% anualmente, que compara com um aumento de 0,3% da produção automóvel europeia.
Além disso, atendendo aos efeitos da pandemia de covid-19 em 2020, a indústria de componentes nacional registou uma queda homóloga de 13,6% no seu desempenho nesse ano, que compara com uma recuperação de 4% no ano passado.
Quanto à produção automóvel da Europa, esta apresentou uma queda de 22% em 2020 e recuou 3,5% no ano passado, segundo os dados hoje apresentados pelo “cluster”.
Na conferência de imprensa de hoje, que também contou com representantes da Associação Automóvel de Portugal (ACAP) e do “cluster” automóvel MOBINOV, o setor considerou que os dados do recente estudo da OIT sofrem de um “enviesamento”, já que o universo de empresas analisadas é inferior ao seu número real.
Os dados da OIT “enviesam e desclassificam” a indústria portuguesa do setor e o “esforço feito” durante anos, sendo que foram feitos investimentos e tem sido realizado um “esforço terrível” para que “sejam cada vez mais produtivos” e as empresas “mais competitivas” com a “forte aposta” na formação profissional, salientou o responsável da AFIA.
Sobre o universo de empresas nacionais, o “cluster” automóvel nacional calculou-as em 1.100, das quais 0,9% trabalham para a indústria automóvel de componentes.
Quanto ao número de trabalhadores, o “cluster” automóvel considera ascendem já a mais de 90.000 o número de empregados diretos na indústria e que representam um terço dos empregos criados na indústria transformadora nos últimos quatro anos.
É referido ainda que a indústria automóvel de componentes emprega 61.000 trabalhadores (diretos), tem um volume de negócios de 10.700 milhões de euros, isto é, 5,2% do Produto Interno Bruto (PIB).
Também presente na conferência de imprensa, secretário-geral da ACAP, Helder Pedro, afirmou que Portugal tem as condições para investir na transição para os veículos elétricos, uma vez que “tem toda a fileira para a produção de baterias”.
No entanto, o responsável avisou que o Governo terá de se empenhar a este nível e que o Plano de Recuperação e Resiliência deveria ser mais robusto em termos de financiamentos.
Fonte: Dinheiro Vivo