Menos microplástico, mais investigação. O pacto da indústria com a sustentabilidade
Industriais do plástico comprometeram-se com várias medidas que têm em vista a economia circular e a sustentabilidade ambiental.
Limitar a perda de microplásticos para o ambiente nas fábricas, monitorizar todo o material reciclado que é incorporado em novos produtos, participar em projetos de investigação e desenvolvimento e criar um observatório de reciclagem de plásticos. Estes são os grandes eixos de ação do Pacto Nacional da Indústria dos Plásticos para a Economia Circular e Sustentabilidade Ambiental, assinado esta sexta-feira, no Plastics Summit, na Vista Alegre, em Ílhavo, na presença dos secretários de Estado da Economia e do Ambiente, João Neves e João Ataíde, respetivamente.
“Este pacto tem extrema importância, porque é um contributo decisivo da indústria para termos melhor plástico. Temos que desmistificar toda esta situação e acabar com a diabolização do plástico. Não queremos nem mais nem menos, mas melhor plástico”, disse ao DN Amaro Reis, presidente da Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP), que organiza o evento.
“Este pacto tem extrema importância, porque é um contributo decisivo da indústria para termos melhor plástico. Temos que desmistificar toda esta situação e acabar com a diabolização do plástico. Não queremos nem mais nem menos, mas melhor plástico”, disse ao DN Amaro Reis, presidente da Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP), que organiza o evento.
Uma das medidas previstas consiste na implementação do programa OCS (Operation Clean Sweep), que passa por dotar as “sarjetas e canaletes” da indústria com filtros para evitar que os pellets plásticos (microplásticos que se perdem no manuseamento do plástico em fábrica) cheguem às linhas de água. “É o nosso contributo para um combate eficaz aos microplásticos”, afirmou o representante, ressalvando que muitas empresas já o fazem.
O outro programa a desenvolver é conhecido como MORE e consiste numa plataforma que visa monitorizar volumes de material reciclado que vão sendo incorporados em novos produtos. “Permitirá ter estatística e dados para mostrar o que estamos a fazer, que estamos preocupados com a economia circular, a reciclagem e a recolha seletiva. Temos que melhorar muito para atingir as metas”, reconheceu Amaro Reis.
Segundo a APIP, o pacto nacional prevê, ainda, a criação de um “observatório de reciclagem do plástico”, a participação em grupos de trabalho e em projetos de investigação e desenvolvimento. Nuno Aguiar, técnico superior na associação, explicou que são estes projetos que vão permitir “criar novos materiais, que se venham a revelar mais sustentáveis, com uma maior reciclabilidade, mais aproveitamento e incorporação”.Ao DN, o especialista reforçou que os industriais querem ser “parte da solução”.
Um esforço que é reconhecido pelo secretário de Estado do Ambiente. “Há uma proatividade da parte do setor dos plásticos para mitigar e minimizar os seus impactos”, disse João Ataíde, após a assinatura do pacto. Para o governante, o enfoque é “na reutilização e redução”, uma “quebra com a economia linear para passarmos para a economia circular”. E há, no seu entender, “disponibilidade do setor dos plásticos para se adaptar a este novo desafio”.
Antes da assinatura do documento, João Ataíde aproveitou para lembrar que “o consumo excessivo está a ameaçar o planeta e a humanidade e é prioritário repensar os comportamentos”, pois perante “uma conduta tão consumista”, as consequências “são imediatas e devastadoras”.
Tal como outros intervenientes no evento, o secretário de Estado do Ambiente recordou os objetivos da Aliança para a Economia Circular do Plástico, que prevê atingir, até 2025, o objetivo de 10 milhões de toneladas de plástico reciclado para fabricar anualmente novos produtos na Europa.
Ao DN, Nuno Aguiar reconheceu que “há um conjunto de soluções para incorporar os materiais reciclados em novos produtos, mas é necessário desenhar as embalagens cada vez mais para a reciclagem e melhorar a recolha seletiva”. Estas são, destacou, “etapas fulcrais para incorporar material reciclado em novos produtos”.
Na opinião dos responsáveis pela associação do setor, é importante mudar a perceção das pessoas em relação ao plástico. “Mais do que penalizar materiais, temos de penalizar comportamentos, porque o plástico não foi feito para deixar no chão nem nos oceanos. O plástico tem muitas virtudes. Temos de saber viver com ele, tratá-lo bem”, sublinhou Amaro Reis.
Prazos são para cumprir
João Ataíde aproveitou a sua intervenção para falar sobre a diretiva SUP (dos plásticos de uso único), reforçando que esta “estabelece medidas para reduzir o impacto de produtos de plástico no ambiente, em particular no meio aquático e na saúde humana”. E destacou que “Portugal tem feito por estar na linha da frente”. Foi “também por isso”, explicou, “que o Governo decidiu antecipar [em meio ano] a implementação da diretiva SUP”, que propunha acabar com a venda destes produtos até janeiro de 2021.
Os prazos para acabar com os plásticos descartáveis foram um dos temas em destaque na quinta-feira, no Plastics Summit, com as empresas do setor a queixarem-se dos prazos apertados para banir os plásticos de uso único. Questionado sobre esta questão, o secretário de estado do Ambiente disse que “os prazos são para manter e, conforme os apelos internacionais, até podem ser para reduzir”.
“Temos que trabalhar mais, melhor e mais depressa. Não há tempo a perder”, afirmou João Ataíde.
Fonte: Diário de Notícias