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Metalomecânica, um setor pioneiro na transição para a economia digital

A mudança para o 4.0 é algo quase inato a muitas empresas do setor metalomecânico que, contudo, se debatem com dificuldades na atração e retenção da mão de obra qualificada de que precisam.

Com um volume de exportações que ultrapassa os 18 ´mil milhões de euros e um peso de 18% no PIB nacional, o setor da metalomecânica é um dos front runners da economia portuguesa. Devido à sua natureza e às ligações de longa data com mercados externos, este é um dos setores onde a transição para o 4.0 começou há mais tempo. Mas a velocidade desta transição varia muito consoante o tipo de empresas.

“O estado de maturidade digital não é o mesmo em todo o setor. Empresas que fabricam componentes para a indústria automóvel ou indústria aeroespacial são necessariamente diferentes de empresas que fabricam outros produtos metálicos, com mão-de-obra um pouco mais intensiva” assume Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da Associação dos Industriais Metalúrgicos Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP).

O que não impede que a aposta no 4.0 seja generalizada. “As empresas estão a apostar na digitalização dos seus processos produtivos, o que implica a eliminação ou o desaparecimento gradual de postos de trabalho de caráter mais obsoleto e a sua substituição por profissionais com mais capacidade tecnológica e mais valor acrescentado”, afirma Rafael Campos Pereira, para quem a alteração qualitativa dos recursos humanos é o primeiro impacto com que as empresas se confrontam.

“A transição para o 4.0 é um processo que tem vindo a ganhar mais ritmo nos últimos anos, sendo certo que esta ideia do 4.0 terá nascido na Alemanha, entre a Bosch e a Siemens – ambas associadas da AIMMAP em Portugal. Empresas que lidam com multinacionais dessa dimensão, que incrementam a digitalização de tudo o que está à sua volta, têm processos mais consolidados”, afirma Campos Pereira, que considera que algumas empresas nacionais beneficiaram de uma espécie de efeito dominó.

A Tool Division do grupo Simoldes é disso exemplo. “A nossa ligação com a digitalização e a utilização de meios informáticos não é recente. Temos alguns clientes com os quais trabalhamos em plataformas digitais já há alguns anos, nomeadamente no setor automóvel”, explica Carlos Seabra, diretor comercial da Tool Division. O responsável recorda que a indústria dos moldes foi pioneira no fabrico sem utilização de mão de obra na fase de maquinação, com as máquinas de comando numérico a surgirem no início da década de 80. “Começámos a utilizar esses meios logo numa fase muito embrionária do processo. É algo natural na nossa evolução”, recorda.

A digitalização trouxe impactos significativos, nomeadamente na relação com o cliente. “Deixou de haver a necessidade de fazer protótipos físicos, que passaram a ser executadas virtualmente em 3D. Os clientes conseguem fazer a construção do produtos sem que haja a necessidade de se fazer peças protótipo para se passar a avançar para o fabrico definitivo dos moldes, através dos meios criados digitalmente em 3D”, explica. A isto junta-se uma cada vez maior utilização da impressão 3 D.

O grupo Simoldes adquiriu equipamentos para impressão de material plástico e máquinas para processo aditivo de metais. “Podemos imprimir peças metálicas que poderão ser componentes que contemplam características físicas e térmicas capazes de resolver problemas que seriam impossíveis de resolver sem este tipo de equipamentos”.

Também no grupo Polisport – especializado em acessórios para bicicleta – a transição para uma lógica 4.0 faz parte do ADN, tendo sido criado um departamento de inovação há 20 anos. “Ao dia de hoje, a inovação na Polisport não está associada apenas ao produto, mas sim a todo o processo de A a Z”, explica Paulo Freitas, chief operating officer, que destaca, por exemplo, a maior facilidade de comunicação com clientes e fornecedores e o total controlo da produção online garantidos pelo processo de digitalização.

“Há um controlo completo da cadeia de valor e o encurtamento da cadeia de distribuição com a vantagem de estar cada vez mais próximo do cliente final”. A empresa tem já previstos como investimentos futuros a aposta numa equipa interna de Business Intelligence e a utilização de algoritmos de inteligência artificial no apoio à decisão.

Fonte: Dinheiro Vivo

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