Notícias

O sistema START-STOP já era utilizado pelo FIAT Regata ES em…1982!

O sistema start-stop, que apenas há alguns anos começou a democratizar-se, foi introduzido pelo Fiat Regata ES há quase quatro décadas.

Poucas marcas contribuíram tanto para desenvolvimento do motor de combustão como a FIAT. Para os mais distraídos pode ser uma afirmação arriscada, mas para aqueles que seguem a indústria automóvel com mais atenção poderá não ser tão arriscada assim.

Apenas citando dois exemplos, temos o desenvolvimento do sistema common-rail que resgatou os motores Diesel da «idade da pedra», ou mais recentemente o sistema MultiAir que também foi pioneiro.

Pois bem, o exemplo que vos trazemos hoje remonta a 1982 e diz respeito à invenção do primeiro sistema start-stop da história da indústria automóvel.

O primeiro sistema start-stop

Esqueçam os carros mais modernos. O primeiro carro da história a utilizar um sistema start-stop foi o FIAT Regata ES (Energy Saving). Corria o longínquo ano de 1982.

Quão longínquo? Vejamos:

  • O Reino Unido dava início à Guerra das Malvinas, declarando guerra à Argentina;
  • A Sony lançava o primeiro leitor CD’s;
  • Michael Jackson chegava ao topo das tabelas com o álbum Thriller;
  • Itália sagrava-se Campeã do Mundo de Futebol pela 3ª vez;
  • A RTP lançava a primeira novela portuguesa da história, a Vila Faia;
  • Portugal preparava-se “alegremente” para a sua segunda intervenção externa.

No que diz respeito a Portugal, infelizmente, tanto nas novelas como na economia, há padrões que se repetem. Mas regressando ao que interessa…

Já em Itália, enquanto milhões de italianos celebravam os golos de Paolo Rossi, Marco Tardelli e Alessandro Altobelli no Mundial de 1982, outra equipa composta por engenheiros da FIAT e liderada por Mauro Palitto — à época responsável máximo pelo departamento de engenharia da marca de Turim — lançavam para o mercado o primeiro carro da história equipado com sistema start-stop.

A FIAT decidiu chamar a este sistema Citymatic — nem vale a pena explicar porquê, pois não? Mas a melhor parte desta história ainda está para vir.

Fiat Regata ES

A história da invenção do start-stop

Os nossos colegas da Onmiauto.it entrevistaram Mauro Palitto, que contou a esta publicação como é que surgiu a ideia do start-stop: interromper o funcionamento do motor a cada imobilização do automóvel.

Tempo, foi tudo uma questão de tempo.

Mauro Palitto decidiu equipar um protótipo da FIAT com um cronometro. Objetivo? Medir numa viagem de 15 km em cidade, quanto tempo é que o carro passava imobilizado.

Os resultados foram impressionantes: a cada 35 minutos, o carro passava 12 minutos imobilizado com o motor ligado. Por outras palavras: o motor estava a desperdiçar energia e, consequentemente, combustível. E consequentemente… dinheiro.

Fiat Regata ES
Interior do FIAT Regata ES.

Perante estes valores, a equipa de engenheiros da FIAT decidiu desenvolver um sistema que automaticamente desligasse o motor sempre que o seu funcionamento não fosse necessário.

Genialidade a baixo custo

A FIAT estimou que com este sistema podia conseguir uma economia de 7% em ciclo urbano. Mas havia um entrave a esta tecnologia: seriam os motores de arranque convencionais capazes de aguentar as solicitações de um sistema destes?

Projetados para suportar até 25.000 arranques a frio, foi estimado que com o sistema Citymatic os motores de arranque tivessem de aguentar pelo menos 100.000 ciclos de utilização.

Motor de três cilindros Ford EcoBoost
Motores
Afinal, os motores de três cilindros são bons ou não? Problemas e vantagens

Para tirar as dúvidas, Mauro Palitto colocou à prova 10 protótipo que eram desligados durante 10 segundos, voltavam a ligar durante 20 segundos, e assim sucessivamente, 24 horas por dia durante 5 semanas.

Para surpresa de todos os engenheiros, após abrirem os motores de arranque, estavam como novos. Um dos motivos para essa durabilidade dizia respeito à afinação do comando eletrónico do sistema Citymatic que às 180 rpm desconectava o motor de arranque e deixava a compressão do motor fazer o resto.

FIAT Regata ES
O FIAT Regata ES de perfil.

O melhor de tudo isto? O custo de desenvolvimento do sistema start-stop do FIAT Regata ES foi quase nulo. Apenas horas de trabalho dos engenheiros da FIAT. No entanto, foram necessárias algumas alterações ao motor. Nomeadamente na sua taxa de compressão que fez a potência do motor 1.3 de quatro cilindro baixar para os 65 cv. O resultado foi uma economia real de 7% em ciclo urbano.

Então porque é que a tecnologia não vingou?

Tal como hoje, também naquela época havia desconfiança quanto à fiabilidade do sistema start-stop — de resto, uma desconfiança infundada como explicámos aqui. A rede de concessionários da FIAT duvidava do sistema e os clientes também.

A NÃO PERDER: Kilduff Shifter. Conhecias este sistema?

O sistema Citymatic voltou para a gaveta e tivemos de esperar até 1999 para voltar a ver um sistema start-stop num carro de produção: o Volkswagen Lupo 1.2 TDI 3L.

Moral da história: estar certo antes de tempo também é estar errado.

Espero que tenhas gostado deste artigo. Se quiseres retribuir à equipa da Razão Automóvel estes agradáveis minutos de leitura, subscreve o nosso canal de Youtube clicando aqui. Demora 10 segundos.

Sem ainda não subscreveste, em 2019 foi isto que perdeste. Vais continuar assim em 2020?

Tags
Mostrar Mais

Related Articles

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Back to top button
Close
Close