Ensaio

Opel Corsa 1.2 de 100 cv: um ‘fura trânsito’ eficaz na cidade

A Opel tem no Corsa uns dos seus campeões de venda, um modelo que, desde o lançamento da primeira geração em 1982, teve um papel essencial para o reforço da automobilização do Velho Continente até aos nossos dias.

Não foi, por isso, uma surpresa que o construtor germânico tenha colocado tanta ênfase na sexta geração revelada em Setembro no Salão Automóvel de Frankfurt, numa apresentação em que o Aquela Máquina esteve presente.

Construído sobre a plataforma CMP, que partilha com o Peugeot 208, talvez o único senão da estreia tenha sido o facto de os Corsa equipados com motores a combustão terem sido “demasiado” ofuscados pela primeira versão 100% eléctrica da gama.

Contudo, não é por esse pormenor que o novo Opel Corsa é um marco na história do fabricante e, podemos dizer, até da própria indústria automóvel nos tempos mais recentes.

Afinal, estamos a falar de um carro completamente novo que foi criado de raiz em apenas dois anos! A Opel estava já à beira dos testes de validação do citadino que iria suceder à quinta geração lançada em 2014, após anos de desenvolvimento.

Eis que surge, entretanto, o anúncio da compra da companhia pelo grupo PSA. Resultado? Os projectos foram todos pela “pia abaixo”, para tudo começar do zero!

Só por esse facto, merece um aplauso o produto final que a marca apresentou no certame automóvel alemão.

Estética madura mas com raça

Feito o contexto, foi com alguma expectativa que o Aquela Máquina recebeu o novo Corsa para ser testado por estes dias. O tempo urgia, já que o carro começou oficialmente a ser vendido esta quinta-feira no nosso país.

Em causa estava a versão Elegance 1.2 turbo de 100 cv com caixa manual de seis velocidades, muito provavelmente o modelo a gasolina que irá encontrar mais eco junto de um público-alvo jovem.

A gama é completada com as variantes equipadas com os propulsores a gasolina 1.2 litros de 75 cv e 1.2 Turbo de 130 cv, e o motor diesel 1.5 turbo de 100 cv.

Enquanto nos encaminhávamos para o carro, não pudemos deixar de ficar logo bem impressionados com o desenho maduro, mas muito atraente, transmitido por este compacto.

Há uma evidente semelhança com o Peugeot 208, sem qualquer sombra de dúvida, com uns arranjos estilísticos mais ousados no caso do modelo francês.

Mesmo assim, esteticamente, o Corsa cativa pelo seu aspecto robusto, sem perder um ar desportivo, e, principalmente, não tem nada a ver com as linhas da geração anterior!

Já dentro do Corsa, agradou-nos a posição de condução, mais baixa do que no anterior modelo, e a facilidade com que o banco pode ser regulado.

Olhando em redor do habitáculo, apreciamos a qualidade dos materiais, embora alguns plásticos pudessem ser mais agradáveis ao tacto, como o centro do volante, por exemplo,

Embora o nível de equipamento esteja longe de ser espartano, vemos logo que se resume ao essencial para uma condução prática e confortável, de acordo com o pragmatismo germânico.

À semelhança de todas as versões, neste modelo estão incluídos de série o ar condicionado, os comandos de infotenimento no volante, a assistência ao arranque em subida e o start & stop.

É também muito satisfatório encontrar num carro deste segmento sistemas de assistência à condução como alerta de colisão com travagem automática de emergência e reconhecimento de sinais de trânsito.

Na versão Elegance, encontramos ainda iluminação do habitáculo em LED, ecrã táctil de sete polegadas, sensor de chuva e faróis LED com comutação automática “máximos-médios”.

Desembaraçado no trânsito urbano

Ligado o motor, gostámos de ouvir a força que ele transmite. É verdade que não é o de um muscle car mas é o suficiente para nos dar ânimo e tentarmos confirmar se, na estrada, o carro responde de forma efectiva.

Primeira impressão? Ao “desestacionarmos”, apercebemo-nos de que, se o banco estiver demasiado baixo ao melhor estilo racing, não temos uma percepção dos obstáculos mais próximos, muito por causa do capô longo e mais musculado.

É neste ponto que valorizamos ter os sensores acústicos de estacionamento, complementado pela câmara de traseira… ou então basta elevar o banco, de forma simples e rápida, para ter uma melhor percepção do espaço à nossa frente.

Façamo-nos então à estrada: sim, o barulho transmitido pelo motor dá-nos entusiasmo para soltar os 100 cv que ele guarda. No trânsito citadino, foi particularmente gratificante ouvir o motor do Corsa a “resmungar”, numa espécie de “abram alas”.

Muito à custa dos 205 Nm de binário que possui, e com uma caixa de seis velocidades bem escalonada, depressa ganha velocidade para se “desembaraçar” de forma muito positiva entre o tráfego.

Não tentámos quebrar a marca dos 9,9 segundos dos 0 aos 100 km/hora anunciados pela marca, mas sempre que pisávamos o acelerador, o motor respondia de forma efectiva sem demasiado esforço e sem que a estabilidade ficasse comprometida.

E não, também não quisemos bater os 194 km/hora de velocidade máxima que este propulsor está preparado para atingir; nem sequer foi preciso.

No IC 19, que liga Lisboa a sintra, conhecida como uma das vias nacionais com mais tráfego durante quase todo o dia, nos pequenos espaços em que se podia soltar o Corsa, ele acelerava de forma eficaz até ao 100/120 km/hora permitidos (bom, talvez um pouco mais…).

E, sempre que era necessário travar, sem ser no último momento, os travões respondiam de forma suave e segura.

Saídos da via rápida, apanhámos uma das estradas nacionais ziguezagueantes (e com o piso algo degradado) construídas há mais de 50 anos, quando os arredores à volta da capital portuguesa eram rurais.

Gostámos da maneira como as deformidades da estrada foram amortecidas pela suspensão do Corsa, não demasiada rígida mas também sem ser esponjosa, e pela maneira como enfrentava (e saía) das curvas sem perder o equilíbrio.

Os consumos ressentiram-se? Sem dúvida, principalmente da forma como quisermos puxar pelo motor, mas não ficámos demasiado longe dos 6,2 litros em ciclo misto anunciados pela marca, de acordo com a norma WLTP.

Será esta versão uma proposta a ter em conta? Na nossa opinião, sem dúvida, embora o único senão seja o preço face à fiscalidade portuguesa.

O Opel Corsa Elegance 1.2 de 100 cv por nós testado ronda os 18.860 euros, em linha com os rivais do mesmo segmento e com motorizações semelhantes.

Opel Corsa Elegance 1.2 Turbo
(características técnicas)
Potência 100 cv às 5500 rpm
Binário 205 Nm às 1750 rpm
Transmissão Manual de seis velocidades
Velocidade máxima 194 km/hora
Aceleração 0-100 km/hora 9,9 segundos
Consumos/emissões NEDC (litros/100 km)
Urbano 5,3 – 5,1
Estra-Urbano 4,0 – 3,6
Misto 4,5 – 4,2
CO2 por g/km 102 – 96
Consumos/emissões WLTP (litros/100 km em ciclo misto)
Litros/100 km 6,2 – 5,4
CO2 por g/km 140 – 122
Dimensões, peso e capacidades
Comprimento (mm) 4060
Largura (mm) 1765 (1960 com espelhos)
Altura (mm) 1433
Distância entre eixos (mm) 2538
Vias à frente e atrás (mm) 1489 / 1488
Bagageira (litros) 309
Depósito de combustível 44 litros
Peso sem condutor (kg) 1019

Fonte: Aquela Máquina

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