Pelo segundo ano consecutivo, Portugal bate meta de mil milhões de investimento contratualizado
No ano passado, Portugal conseguiu contratualizar 80 novos projetos de investimento de 15 países diferentes. Cerca de 75% dos mil milhões de euros contratualizados em 2019 são de estrangeiros.
Portugal voltou a conseguir ultrapassar a meta de mil milhões de euros de investimento contratualizado, em 2019. Em causa estão 80 novos projetos, sendo que 75% é de origem estrangeira, mais exatamente de 15 nacionalidades diferentes, revelou ao ECO pelo secretário de Estado da Internacionalização. Os investimentos alemães, franceses e espanhóis foram os mais avultados
“A Aicep contratualizou mais de mil milhões de euros em investimento estrangeiro e português. São investimentos de 15 proveniências diferentes e em 15 setores”, avançou Eurico Brilhante Dias, em antecipação ao balanço que o Executivo vai fazer esta sexta-feira após a assinatura de vários contratos fiscais de investimento. Em declarações ao ECO, o responsável frisou que a diversidade de setores e de investidores “permite abrir o portfolio de negócios onde Portugal tem vantagens competitivas”.
“Não é uma vantagem única, um mono produto”, disse Brilhante Dias revelando que entre os setores com maior volume de investimento se destacam “a indústria automóvel e de componentes com mais de 200 milhões de euros contratualizados, em 15 novos projetos”, mas também “a indústria agroalimentar e o turismo que, no ano passado, superou os 425 milhões de euros contratualizados”. O secretário de Estado fez ainda questão de sublinhar a importância da indústria química e metalomecânica.
“A Aicep contratualizou mais de mil milhões de euros em investimento estrangeiro e português. São investimentos de 15 proveniências diferentes e em 15 setores.”
Em termos de nacionalidade, foram os alemães que mais investiram em Portugal, com um total de 150 milhões de euros contratualizados o ano passado com a Aicep. Em segundo lugar surgem França e Espanha ambas com investimentos superiores a 100 milhões de euros. Eurico Brilhante Dias sublinhou que “três quartos dos mil milhões de euros contratualizados são da responsabilidade de investidores estrangeiros” e destacou ainda os cerca de 50 milhões de euros da responsabilidade de investidores norte-americanos.
O ministro da Economia já tinha avançado na quinta-feira, na sua audição no Parlamento no âmbito da discussão da proposta do Orçamento de Estado que “mais uma vez os contratos de investimento estrangeiro captados pela Aicep atingiram um novo máximo”. “Ou seja”, disse Pedro Siza Vieira, “o investimento empresarial privado no país cresceu 9,2%”.
Em causa estão 80 contratos de investimento, que comparam com 52 contratualizados em 2018, apesar de em ambos os anos o volume global ser de mil milhões de euros. E tudo aponta para que, em 2020, a fasquia volte a ser ultrapassada. “O pipeline está cheio de potenciais investimentos de diferentes proveniências”, sublinhou ao ECO Eurico Brilhante Dias assegurando que “este será um bom ano de contratualização”.
Será possível ultrapassar a meta dos mil milhões este ano
“Andamos continuamente a gerar expectativas e objetivos cada vez mais difíceis de alcançar, mas olhando para o pipeline, em função do que está em negociação ou em fase de decisão e que tem Portugal na short list, acreditamos que 2020 pode ser de possível voltar a ultrapassar a meta dos mil milhões contratualizados”, afirmou o secretário de Estado, precisando que em causa estão dois mil milhões de euros de investimento potencial, “com maturidades diferentes”, em áreas como indústria química, componentes de automóvel, apoio aos componentes na mobilidade elétrica e energias renováveis.
Entre estes projetos em negociação está, por exemplo,a nova fábrica de automóveis especializada na produção de veículos todo-o-terreno, em Estarreja. Um investimento de 300 milhões de euros que deverá criar 600 postos de trabalho. A produção do modelo da Ineos em Estarreja deverá arrancar dentro de dois anos. “Este investimento como ainda não foi fechado do ponto de vista formal, não foi contabilizado nos números de 2019”, explicou Eurico Brilhante Dias.
Estes são alguns dos dados que serão revelados no balanço que será feito esta sexta no âmbito da assinatura de oito contratos fiscais de investimento com a Bosch Tecnologia; Borgwarner Emissions Systems Portugal; Lauak Grândola; Natixis (sucursal em Portugal); Nozul Algarve; Panpor – Produtos alimentares; TMG – Tecidos Plastificados e outros Revestimentos para a Indústria e Vila Galé Internacional – Investimentos Turísticos. Estes são projetos que já tiveram apoios financeiros, mas que agora vão receber apoios fiscais. A soma de ambos os incentivos tem de respeitar a regra de minimis.
De sublinhar que estes investimentos contratados não são investimentos executados, já que a realização dos mesmos está prevista para os três anos seguintes com marcos específicos em termos de criação de postos de trabalho, Valor Bruto Acrescentado e apoio concedido. Por exemplo, os 80 projetos de investimentos contratualizados em 2019 comprometem-se a criar mais de 7.200 postos de trabalho e a manter outros 20 mil.
Eurico Brilhante Dias não avançou o valor da despesa fiscal associada aos contratos de investimento, mas explicou que a lógica subjacente aos apoios concedidos pelo Executivo português: “Aquilo que contratualizamos é um euro de incentivo gerar dez euros de exportações em ano cruzeiro e cada euro de incentivo alavancar três a quatro euros de investimento privado“.
Na cerimónia vão ainda ser entregues incentivos financeiros à Bial, Bosch Car Multimédia, Bluepharma, Hilodi, Kirchoff Automotive Portugal e Stelia. Projetos que numa fase seguinte terão também apoios fiscais.
Fonte: Eco Sapo