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PME vão criar quase 134 mil empregos até ao fim de 2020

Comissão Europeia alerta que o nível de emprego, nas PME, continua abaixo de 2008, apesar da subida prevista em 2019 e 2020 de 2,8% e 2,3%

Dados do relatório anual da Comissão Europa estimam que o emprego vá crescer 5,1% e que o valor gerado por estas empresas aumente 10,1%. Só no próximo ano, as PME vão gerar mais de 60.400 novos postos de trabalho.

As PME continuam a crescer em Portugal, embora o ritmo comece a abrandar. Entre 2014 e 2018, o emprego gerado pelas pequenas e médias empresas, que representam 99,9% do universo empresarial nacional, cresceu 15,2% e o contributo destas em valor acrescentado aumentou 27%. No entanto, nos últimos dois anos, o emprego já só cresceu 3,4% e, em 2019 e 2020, vai aumentar 2,8% e 2,3% respetivamente. Em causa estão 133.800 novos postos de trabalho previstos até ao final do próximo ano, dos quais quase 73.400 este ano e 60.400 no próximo. Mesmo assim, alerta a Comissão Europeia, o nível de emprego em Portugal, no seio das PME, continua abaixo de 2008.

Já ao nível do valor acrescentado, as notícias são mais animadoras. A riqueza criada pelas PME nacionais foi, em 2018, já superior em 12,5% à de 2008, num total de 59,5 mil milhões de euros, e vai continuar a crescer: mais 4,8% em 2019 e mais 5% em 2020, estima a Comissão Europeia. Estes são dados do Relatório Anual das PME, esta quarta-feira apresentado em Helsínquia. Um documento que traça uma radiografia do universo empresarial nos 28 Estados-membros, da sua evolução e dos desafios com que se defronta cada país nesta matéria.

A Europa conta com mais de 25 milhões de pequenas e médias empresas no setor não financeiro e que são responsáveis por 56,4% da riqueza, a qual irá, no conjunto dos 28 Estados-membros, crescer 4,1% em 2019 e 4,2% no próximo ano. Mais modesto é o crescimento estimado do emprego, com 1,6% em 2019 e 1,4% em 2020. No total, este segmento empresarial assegura 66,6% dos postos de trabalho na Europa. Nem Portugal esta realidade é, ainda, mais significativa, com as PME a gerarem 68,3% da riqueza e 77,3% do emprego. As PME nacionais empregam, em média, 2,9 trabalhadores, menos um que a média europeia. E o peso das micro-empresas em Portugal é, também, superior: 95,4% versus os 93% em média na Europa. No entanto, a produtividade nacional ronda os 22.900 euros por trabalhador, pouco mais de metade da média da União Europeia, destaca Bruxelas. Que lembra que “muito do emprego que tem sido criado em Portugal é em setores de baixo valor acrescentado”.

Do lado positivo, a Comissão Europeia faz referência especial ao “elevado crescimento” da indústria em Portugal, cujo emprego cresceu 9,5%, desde 2014, tendo a riqueza aumentado 18,3%, muito por força das “melhores condições do mercado e da recuperação da economia” desde 2014, o que levou a um aumento do investimento privado nacional e estrangeiro, designadamente na indústria automóvel. “Embora o investimento ocorra, essencialmente, em grandes empresas, isto tem, também, tido impacto na cadeia de valor da indústria, na qual as PME desempenham um importante papel”, pode ler-se no documento.

Bruxelas faz, ainda, menção ao elevado desempenho dos setores tecnológicos, com as IT a registarem crescimento de valor e de emprego de 30,4% e de 24,7%, respetivamente, entre 2014 e 2018. “A abertura de subsidiárias em Portugal de grandes gigantes tecnológicos mundiais ajudou a criar um ecossistema dinâmico, a atrair profissionais qualificados e a incentivar ao desenvolvimento de competências nas áreas das tecnologias de informação”, diz o relatório, que destaca a aposta do Governo na organização de uma das maiores conferências mundiais de tecnologia, em referência à Web Summit. A Comissão Europeia sublinha, no entanto, que, “apesar destes desenvolvimentos positivos, as estatísticas mostram que há necessidade de um esforço adicional para melhorar as competências digitais” no país.

Comparação com a Europa

O Relatório Anual das PME faz, ainda, uma análise comparativa da performance de cada um dos 28 Estados-membros ao nível da implementação da iniciativa Small Business Act, que criou em 2008 um quadro estratégico abrangente de apoio às pequenas e médias empresas centrado em torno de 10 princípios distintos, que passam pela criação de um ambiente propício ao empreendedorismo, pelo acesso ao financiamento, pela qualificação e inovação e pela promoção da internacionalização, entre outros. E se no ambiente favorável ao empreendedorismo, na inovação e na capacidade de resposta às necessidades das PME Portugal até está acima da média europeia, na internacionalização, nas ajudas públicas e na contratação pública, Portugal “mantém-se como um dos piores no seio da UE”.

A Comissão Europeia pede “medidas adicionais” para melhorar a performance das PME na internacionalização, para as proteger dos atrasos nos pagamentos, públicos e privados, e para as ajudar a terem “mais sucesso” no acesso a contratos públicos. Quanto ao financiamento, Bruxelas admite que o país introduziu “novas medidas” e obteve “alguns desenvolvimentos positivos”, no entanto, considera que “continua a haver desafios a precisar da atenção dos gestores políticos” nesta matéria. A Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD) é apontada como um exemplo “interessante” das iniciativas implementadas pelo Estado português em prole do apoio ao financiamento das pequenas e médias empresas em Portugal.

Fonte: Dinheiro Vivo

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