Projeto SONAR – Entrevista a Cláudia Pargana e Pedro Monteiro
“Copiar os outros é fundamental, copiar-nos a nos próprios é que é lamentável” - Pablo Picasso
Um dos desafios que ambos enfrentámos em multinacionais de carácter maioritariamente industrial, com dezenas de unidades fabris foi “aprender copiando”: copiar é considerada a mais rápida forma de melhorar e não copiar uma forma de resistência.
Entre as dezenas de unidades fabris, os objectivos eram determinados por processos internos de benchmarking. Nele os resultados operacionais eram processados, levando em linha de conta as especificidades de cada unidade e traduziam-se numa referência que reunia o melhor de cada.
Mas o interesse pelas melhores práticas não se limita à definição de objectivos de grupo por referência do desempenho de uma unidade, mas sim pela uniformização na exigência e padrões.
“A imitação é a mais sincera forma de lisonja” – Oscar Wilde
Nesta ênfase nas “melhores práticas”, está o entendimento implícito dos benefícios que a organização tira na prática desta saudável prática. A cópia permite “atalhar caminho”, mas também subentende uma forma de reconhecimento. A procura sistemática destes exemplos induz um saudável espírito de competição e um elevado reconhecimento das pessoas.
Uma vez que não é possível fazer uma cópia cega das melhores práticas, sem uma análise atenta do contexto em que se desenvolveram, a réplica para outras realidades implicará também um autoconhecimento e um processo de aprendizagem que justifica só por si a definição de um modelo para um benchmarking.
Uma vez assente que este modelo não só permite acelerar a melhoria, mas também premiar equipas, e desenvolver competências, cabe reconhecer que é critico que a identificação das melhores práticas esteja assente num processo sólido, inequívoco e credível.
Tratando-se de um benchmarking centrado na Melhoria Contínua, terá por referência uma visão estratégica que reflete a maturidade em temas como:
- Cultura da Organização, expressa na sua estrutura e nos seus comportamentos
- Orientação ao Cliente manifesta nos seus valores, e refletida nas suas prioridades;
- Gestão e estabilização do chão de fábrica por parte das equipas envolvidas;
- Prática da Melhoria Contínua, de forma solida, abrangente e regular,
- Enfase no Fluxo dos sistemas produtivos e a criação de valor de forma eficiente.
“Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.” – Esopo
O projecto SONAR surge então como um modelo que casa os conceitos de Gap assessment e benchmarking e permite simultaneamente reconhecer melhores práticas, apontar caminhos e proporcionar oportunidades de profunda aprendizagem.
A seu conceito é simples, pressupondo apenas a participação de todos quantos estejam interessados e disponíveis para partilhar as suas operações, qualificando os seus processos face a um critério e eventualmente facultarem a visitas aos seus pares.
Aos participantes que se venham a destacar será pedido que partilhem a sua realidade e o seu percurso. A todos será facultada a observação das melhores práticas, reconhecendo a liderança de uns, em respeito pelos desafios que foram vencendo.
Nesta competição todos ganham. Não restam dúvidas de que ganhará aquele que tiver a oportunidade de observar as melhores praticas dos seus pares, entender o caminho que percorreram e as dificuldades que ultrapassaram. Aos que vão “vão à frente” cabe o reconhecimento mas também a oportunidade de verem as suas práticas desafiadas para níveis sempre crescentes.
Sabendo que existe em Portugal uma imensidão de melhores práticas, este projecto depende tão somente da generosidade dos nossos líderes, capazes de entender que “juntos vamos mais longe”.
Assim, oxalá consigamos contribuir para a Excelência Operacional da indústria nacional, reforçando a competitividade de forma sustentável, desenvolvendo competências e reinventando processos para uma maior criação de valor para Clientes, colaboradores e acionistas.
Cláudia Pargana e Pedro Monteiro
Visite o site do projeto através do link www.projectosonar.pt
Cláudia Pargana, Consultora
Licenciada em Engenharia de Materiais pelo Instituto Superior Tecnico, completou os estudos em Demand Flow Technology no JCIT, e obteve certificação em 6Sigma no grau de Master Black Belt pela Air Academy Associates, ambos nos EUA.
Foi responsável pela implementação do Delphi Manufacturing System na unidade da Delphi do Seixal tendo transitado para os quadros europeus da divisão Packard, onde chefiou o Lean Core Team Europeu, inicialmente com ênfase nos sistemas de Produção e Logística e Planeamento tendo integrado a equipa I&CIM (Inovation and Contínuous Improvement), pelo que recebeu um prémio em 2006.
Foi também directora, desde a sua formação, do programa europeu de Melhoria Contínua da divisão Building Efficiency da Johnson Controls.
É consultora desde 2016, dando assessoria a programas de Melhoria Contínua e apoiando o desenvolvimento de competências das suas equipas.
Pedro Monteiro, OpEx Manager
Licenciado em Engenharia Industrial pela Universidade Independente, com pós-graduação em Gestão de Operações pela Porto Business School e MBA em Lean Services pela CLT.
Trabalhou na implementação do Delphi Manufacturing System nas unidades da Delphi em Ponte de Sor, onde frequentou a Delphi Lean Academy, e Braga.
Foi responsável pelo programa de Melhoria Contínua na Gewiss Portugal e Worthington Cylinders, passando também pela engenharia de processo e manufactura da Borgwarner.
Actualmente é de Gestor de Excelência Operacional nas unidades da Europa e Ásia da Allied Motion e fundador/editor da revista digital theleanmag.com.