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Vírus paralisa economia do tamanho da Suécia pela terceira semana

A importância do setor automóvel de Hubei representa um dos maiores riscos na China e no exterior, pois o segmento é vital para a economia em geral e possui uma extensa cadeia de fornecedores. Wuhan é um dos principais centros da indústria automobilística na China.

A província chinesa de Hubei está agora na terceira semana de um bloqueio provocado pelo vírus que matou mais de mil pessoas e paralisou uma potência industrial do tamanho da Suécia.

Cada dia de bloqueio aprofunda a crise da economia da China e, na verdade, do mundo. O maior produtor de fósforo da China, usado em fertilizantes, tem sede na província, que também concentra a indústria automóvel do país, com fabricantes chinesas como a Dongfeng Motor e gigantes globais como PSA e a Honda Motor, que fabricam veículos e componentes.

Foi dos primeiros centros industriais da China e, durante muitos anos, Hubei cresceu mais rapidamente do que a média nacional. O transporte ferroviário, fluvial e rodoviário bem ligado é complementado por uma oferta constante de licenciados de várias universidades locais.

Bloquear esta grande área de produção chinesa levanta questões sobre as metas económicas do governo e sobre multinacionais que dependem da produção da província.

O bloqueio começou a 23 de janeiro, quando o governo ordenou que as pessoas ficassem em casa em Wuhan, capital da província, e que depois expandiu progressivamente as restrições para outras regiões de Hubei.

A província abriga uma ampla variedade de indústrias, além do grande peso do setor da educação.

“A participação da indústria secundária em Hubei é maior do que a média da China e pode impactar a produção industrial em todo o país”, já que não é fácil encontrar substitutos em pouco tempo, disse Xu Gao, economista-chefe da BOCI Securities, em Pequim. “A magnitude da influência depende do desenvolvimento da epidemia”, disse, acrescentando que o impacto seria de curta duração se puder ser controlado neste mês de fevereiro.

A importância do setor automóvel de Hubei representa um dos maiores riscos na China e no exterior, pois o segmento é vital para a economia em geral e possui uma extensa cadeia de fornecedores. Wuhan é um dos principais centros da indústria automobilística na China.

Mais de metade dos 20 maiores fabricantes globais de componentes produzia peças para automóveis na região antes do vírus ter surgido, segundo a China Automotive Technology & Research Center.

O setor de serviços, composto principalmente por empresas privadas, corre mais risco do que as indústrias. É muito provável que hotéis na China tenham prejuízo, e o setor de restaurantes e catering terá dificuldades em permanecer rentável, de acordo com relatório de pesquisa da Huachuang Securities.

“Esses setores de mão-de-obra intensiva podem criar pressão direta sobre o emprego”, disse Zhang Yu, analista chefe de macro da Huachang. Enquanto empresas industriais podem acelerar a produção mais tarde para compensar o tempo perdido durante a epidemia, centros comerciais, restaurantes e hotéis fortemente dependentes de consumidores terão dificuldade em fazer o mesmo, acrescentou.

Mais de 7 milhões de pessoas estavam empregadas em empresas privadas de Hubei em 2017, de acordo com os dados mais recentes, sendo as vendas grossistas e no retalho o maior setor. Um número semelhante estava registado como autónomos, ou seja, motoristas de táxi, vendedores de comida e similares. Com muitos desses negócios fechados no futuro próximo, as perspetivas para empresas e trabalhadores são sombrias.

As perspetivas para as contas públicas de Hubei também não são boas. Estava previsto as receitas fiscais crescerem apenas 2,3% este ano face a 2019. A situação será agora muito pior, com o bloqueio a penalizar a coleta de impostos e a procura imobiliária, o que penaliza outra importante fonte de receitas do governo local.Além disso, cerca de 127 mil milhões de yuans (18,2 mil milhões de dólares) em dívida do governo de Hubei chega à maturidade em 2020.

Não só Hubei tem um rácio de dívida pública relativamente elevado, como as cidades mais endividadas são também as que apresentam das incidências mais elevadas de coronavírus. Ainda assim, a probabilidade de defaults é baixa devido ao apoio do governo central.

Os constrangimentos orçamentais e os custos médicos com o tratamento de dezenas de milhar de pessoas infetadas significam menos dinheiro por parte das autoridades locais para implementar programas de estímulos para apoiar as empresas assim que terminar a epidemia.
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